Por: RODOLFO LUCENA
DE SÃO PAULO
Depois de terem conquistado corações e mentes de crianças, adolescentes e adultos pelo mundo afora, os tablets se voltam para um mercado sempre em expansão: o fabuloso mundo dos bebês. Cidadãos ainda não alfabetizados ou que mal conseguem enrolar algumas palavras encostam suas mãos gorduchinhas nas telas de vidro para comandar carrinhos, letras, músicas, trens e galinhas cantantes.
Fazem isso em casa, por certo, usando os aparelhos dos pais. E, cada vez mais, têm os "seus" próprios gadgets, em escolas de educação infantil que adotam o tablet como ferramenta de ensino e diversão para a meninada de menos de quatro anos.
Fonte da imagem: Editoria de Arte/Folhapress |
"O uso da tecnologia faz parte do mundo deles", diz a professora Bruna Figueiredo Elias, 27. "E a interação com o mundo deles é muito importante. Percebemos que eles gostam, que se concentram."
Para isso, porém, é preciso ter os aplicativos corretos --uma busca que não foi fácil, segundo Bruder. "Os aplicativos precisariam ser algo adequado ao interesse das crianças, e não preparando as crianças para aprenderem alguma coisa."
"Até os três anos, eles aprendem pondo a mão na massa, vivendo, experimentando, com liberdade. E muitos aplicativos fechavam o bebê em 'aperte aqui', 'aperte agora', incentivando a rapidez dos movimentos ou queriam ensinar a criança a ler, a reconhecer letras, números. Demorei tempo para achar conteúdo que fizesse sentido para apresentar a um bebê", diz.
Além do controle do conteúdo, há que limitar o tempo de tablet na mão. "As crianças de dois a quatro anos têm uma aula por mês", diz Cappellano, que também delimita o horário em que suas gêmeas de quatro anos podem usar os aparelhos.
CRIANÇAS LIGADAS
O tempo que crianças passam com eletrônicos, mesmo se controlado, pode ser demais, dizem alguns educadores.
"Nós não usamos aqui, dentro do estabelecimento, nenhum desses instrumentais. A gente tem como filosofia que o grande aprendizado da criança na primeira infância é por meio do brinquedo. Não o brinquedo físico, mas o [ato de] brincar", conta a pedagoga Nereide Tolentino, 70, diretora da Escola da Vovó, que funciona há 36 anos e atende crianças de até seis anos em Pinheiros.
"Se a gente coloca a criança na [frente da] televisão ou no computador ou qualquer um desses joguinhos em que ela só aperta botão, ela não tem de criar nem imaginar nada", reforça Valéria Rocha, 39, diretora do Quintal do João Menino, escola maternal e jardim para crianças de um ano e meio a seis anos, na Vila Madalena.
Independentemente de divergências de filosofias pedagógicas, há que ter cuidado com a oferta de tecnologia para as crianças. A Associação Americana de Pediatria "desencoraja" o uso de mídia eletrônica por menores de dois anos e a colocação de aparelhos de TV no quarto de crianças. Em um documento sobre o assunto, a entidade cita estudos que encontraram efeitos negativos no desenvolvimento intelectual infantil.
Outros estudos indicam que poucas pessoas nos EUA deram ouvidos às recomendações dos médicos: levantamento realizado pela Common Sense Media em 2011 mostrou que 30% das crianças com menos de um ano têm televisão no quarto.
Nenhuma das escolas ouvidas pela Folha oferece os aparelhos para crianças com menos de dois anos. E dizem que a experiência precisa ser sempre monitorada.
"As atividades com tablet não podem substituir explicações do professor; as brincadeiras com tablets não podem e não devem substituir as entre as crianças; o contato físico com amigos reais é mais importante --e imprescindível", diz Bruna Elias.
Fonte: Folha de S. Paulo
Para isso, porém, é preciso ter os aplicativos corretos --uma busca que não foi fácil, segundo Bruder. "Os aplicativos precisariam ser algo adequado ao interesse das crianças, e não preparando as crianças para aprenderem alguma coisa."
"Até os três anos, eles aprendem pondo a mão na massa, vivendo, experimentando, com liberdade. E muitos aplicativos fechavam o bebê em 'aperte aqui', 'aperte agora', incentivando a rapidez dos movimentos ou queriam ensinar a criança a ler, a reconhecer letras, números. Demorei tempo para achar conteúdo que fizesse sentido para apresentar a um bebê", diz.
Além do controle do conteúdo, há que limitar o tempo de tablet na mão. "As crianças de dois a quatro anos têm uma aula por mês", diz Cappellano, que também delimita o horário em que suas gêmeas de quatro anos podem usar os aparelhos.
CRIANÇAS LIGADAS
O tempo que crianças passam com eletrônicos, mesmo se controlado, pode ser demais, dizem alguns educadores.
"Nós não usamos aqui, dentro do estabelecimento, nenhum desses instrumentais. A gente tem como filosofia que o grande aprendizado da criança na primeira infância é por meio do brinquedo. Não o brinquedo físico, mas o [ato de] brincar", conta a pedagoga Nereide Tolentino, 70, diretora da Escola da Vovó, que funciona há 36 anos e atende crianças de até seis anos em Pinheiros.
"Se a gente coloca a criança na [frente da] televisão ou no computador ou qualquer um desses joguinhos em que ela só aperta botão, ela não tem de criar nem imaginar nada", reforça Valéria Rocha, 39, diretora do Quintal do João Menino, escola maternal e jardim para crianças de um ano e meio a seis anos, na Vila Madalena.
Independentemente de divergências de filosofias pedagógicas, há que ter cuidado com a oferta de tecnologia para as crianças. A Associação Americana de Pediatria "desencoraja" o uso de mídia eletrônica por menores de dois anos e a colocação de aparelhos de TV no quarto de crianças. Em um documento sobre o assunto, a entidade cita estudos que encontraram efeitos negativos no desenvolvimento intelectual infantil.
Outros estudos indicam que poucas pessoas nos EUA deram ouvidos às recomendações dos médicos: levantamento realizado pela Common Sense Media em 2011 mostrou que 30% das crianças com menos de um ano têm televisão no quarto.
Nenhuma das escolas ouvidas pela Folha oferece os aparelhos para crianças com menos de dois anos. E dizem que a experiência precisa ser sempre monitorada.
"As atividades com tablet não podem substituir explicações do professor; as brincadeiras com tablets não podem e não devem substituir as entre as crianças; o contato físico com amigos reais é mais importante --e imprescindível", diz Bruna Elias.
Fonte: Folha de S. Paulo